sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

Feliz 2007!
Um Ano pode fazer a Diferença!


A minha prenda de Ano Novo é esta colagem de algumas das imagens que me acompanharam ao longo do ano e ficaram guardadas no computador.

Nem todas são, porém, de 2006, mas todas me passaram pela frente dos olhos durante o ano que agora termina e todas elas reflectem algo de mim e dos meus gostos.
Eu própria e as imagens de coisas ou pessoas que fizeram ou fazem de mim... eu própria.
Bom Ano de 2007 para todos e lembrem-se de que... Um Dia ou um Ano Podem Fazer a Diferença!

What a Difference a Day (Year) Made (Makes)

Para mim o par verdadeiro é AMOR - MORTE: Eros e Thanatos, como já o disseram os Gregos. As principais personagens: Orfeu e Eurídice, Pedro e Inês, Otelo e Desdémona, Romeu e Julieta, Tristão e Isolda etc., etc., estão sempre do lado do AMOR e... da Morte, daí a sua grandeza. O ódio é para personagens secundários como os Iagos, os Pachecos e outros Minotauros repelentes e outros monstros que só existem porque existe o AMOR.

Anónimo

segunda-feira, 25 de dezembro de 2006

Adeus, Zé




Notas explicativas - Minha irmã, filha do 1º casamento de meu Pai, ficou orfã aos 2 anos e faleceu aos 25 de acidente de viação. A Avó de minha irmã era a 1ª sogra de meu Pai. Avó e neta viveram durante muitos anos no "quarto independente" da casa do Zé. A família do Zé foi a 2ª família de minha irmã.
Depois da morte da sua Mãe, em 2002, o Zé vivia sozinho. A morte do Zé, meu vizinho e companheiro de brincadeiras na infância trouxe todas estas recordações no dia de Natal.
Afinal também é um dia para estar também com todos os que já partiram.


Para ti em particular, amiga MJ, um grande beijo.

sábado, 23 de dezembro de 2006

Mensagem de Natal


Sucedâneo de Natal

Gente que passa, contente, pelas ruas.
Afinal, é só uma vez no ano,
o Natal!
Não tem mal
luzes, cores e magia,
sucedâneos de alegria
fora do trivial.

Gente que corre, é urgente ir às compras
de Natal!
Com um casaco bem quente,
indiferente à outra gente
sentada, alheia, descrente…
que só sente
um frio glacial.

− Mãe... não podes, só este ano, dar-me
uma prenda de Natal?
− Não, meu filho, não podemos…
− Oh, Mãe!! Mas afinal, Jesus, o tal...
não era pobre, não nasceu num curral?
E teve três prendas! Não andou nada mal!
Então nós não temos,
também, direito a algo especial?
Os meninos ricos que nós vemos
recebem tantos brinquedos
no Natal!



Ai, Natal!... − só serias NATAL,
se fosses para todos, se fosses geral.
Assim não vale… és quase imoral.
És um Natal no condicional!
Mais pareces Carnaval…
Ou então, talvez apenas
“Sucedâneo de Natal”…

* * * * * * * * * *

sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

Coisas que Acontecem... mesmo no Natal

OLÁ AMIGOS.

ESTOU ALGO EM BAIXO, MAS CALMA.
A NOITE PASSADA, PELAS 5 DA MANHÃ, O MEU PAI APARECEU NO MEU QUARTO A DIZER QUE SE SENTIA MUITO ESQUISITO, E "QUE PARECIA QUE IA MORRER". EU ASSUSTEI-ME BASTANTE, CLARO, MAS MANTIVE O SANGUE FRIO.
LÁ BEBEU UM LEITE QUENTE E DEI-LHE MEIA ASPIRINA. O CORAÇÃO ESTAVA REGULAR. MEDI-LHE A TENSÃO. POR 4 VEZES EM 2 APARELHOS DE PULSO DIFERENTES. ESTAVA MUITO ALTA , SEMPRE PELOS 210 - 95. MEDIDA EM MIM ESTAVA NORMAL, PORTANTO NÃO ERA DOS APARELHOS. ALIÁS ESTES APARELHOS DE PULSO, PARA QUEM NÃO SAIBA, TÊM TENDÊNCIA A DAR VALORES SUPERIORES AOS REAIS.

LIGUEI PARA O 112 E COMO ENTÃO JÁ ELE DIZIA QUE NÃO SENTIA NADA DE ESPECIAL, NEM TONTURAS NEM DORES, PELO TELEFONE A MÉDICA ESPEROU QUE EU LHA MEDISSE OUTRAS 2 VEZES. CONTINUAVA ALTA. MAS COMO NÃO SENTIA NADA DE ESPECIAL, ELA DISSE QUE EU LOGO DE MANHÃ FOSSE AO MÉDICO DELE.

ORA COMO EM CASOS DESTE NÃO HÁ QUE HAVER DELONGAS, ARRANCO É LOGO COM ELE PARA O HOSPITAL DO SAMS NOS OLIVAIS. ERAM QUASE 6 DA MANHÃ E ESTAVAM 6º.

CHEGANDO LÁ MEDE-SE DE NOVO A TENSÃO, MAS COMO O MEU PAI É MUITO MAGRO O APARELHO NÃO REGISTA POR 2 VEZES. MUDA-SE PARA O OUTRO BRAÇO. CONTINUAVA ALTA., 200- 95 . EU DIGO À MÉDICA QUE É MEDO QUE ELE TEM "DE O CORAÇÃO PARAR DE NOITE". DE DIA NUNCA ACONTECEU NADA.
ENTÃO DERAM-LHE MEIO COPITO DE ÁGUA COM QUALQUER COISA E VAMOS PARA A SALA DE ESPERA. DEIXA-SE LOGO DORMIR SENTADO.
EU QUE TINHA DORMIDO HORA E MEIA POIS TINHA-ME DEITADO àS 3 E MEIA, TENTO DORMIR, MAS NÃO CONSIGO.

LÁ VOU FALANDO COM A SENHORA DA RECEPÇÃO MUITO SIMPÁTICA, QUE NÃO DORMIA HÁ 24 HORAS E ESTAVA MAIS FRESCA QUE EU... DIZIA ELA "É O HÁBITO. E HOJE NÃO POSSO DORMIR TÃO DEPRESSA, QUE O MEU FILHO FAZ ANOS." TAMBÉM VOU VENDO OS CARTÕES DE NATAL PENDURADOS NUM PINHEIRINHO. UM DIZ "GLAEDRIGG JUL". PENSO QUE É SUECO.

E TAMBÉM VOU RELEMBRANDO A SALA CONTÍGUA DA ONCOLOGIA ONDE ESTIVE COM A MINHA MÃE EM 1997, QUANDO FOI OPERADA NO SAMS A FRACTURA EXPONTÂNEA DO FÉMUR POR METÁSTESE ÓSSEA, EMBORA DEPOIS FOSSE SEMPRE TRATADA EM SANTA MARIA.

PASSADA UMA HORA LÁ SE VAI OUTRA VEZ MEDIR A TENSÃO. O MEU PAI QUE NUNCA TOMOU UM CALMANTE NA VIDA FORA OS QUE LHE DERAM NAS DUAS OPERAÇÕES QUE FEZ, ESTAVA COM POUCA FORÇA NAS PERNAS. PERGUNTO O QUE LHE DERAM. -DIAZEPAM (VALIUM) - QUANTO? - 10 mg.

ACHO UM BOCADO FORTE PARA 92 ANOS MAS ENFIM... E ENTRETANTO A TENSÃO BAIXOU PARA 160-80.
VOLTAMOS PARA CASA DORMIR O RESTO.
ELE DORME DAS 8 AO MEIO DIA MAS EU, PREOCUPADA , SÓ DURMO MAIS 2 HORAS.
MAL ME LEVANTO VOU VIGIÁ-LO E QUASE ME ASSUSTO POIS ESTÁ PÁLIDO E A RESPIRAÇÃO QUASE NÃO SE OUVE. MAS ESTÁ A DORMIR PROFUNDAMNETE.

ENTRETANTO FALO PARA A CARDIOTESTE A PERGUNTAR SE O CARDIOLOGISTA DELE, ESPECIALIDADE A QUE SÓ VAI HÁ 2 ANOS, E QUE DIZ QUE O PAI TEM UM BELO CORAÇÃO PARA A IDADE E TOMARAM MUITOS MAIS NOVOS... NEM SEQUER PRECISA DE TOMAR NADA.... A PERGUNTAR SE PODEMOS LÁ IR.
FELIZMENTE O DR. DAVA CONSULTA HOJE.
ENTÃO PELAS 4 DA TARDE LÁ VAMOS. POR ACASO TINHAMOS LÁ IDO A SEMANA PASSADA À CONSULTA ANUAL DA ROTINA E TINHAM CONVERSADO MUITO SOBRE XADREZ, PORQUE O DR. GOSTA DE JOGAR NA INTERNET E CONHECE UM COLEGA DA TERTÚLIA DO XADREZ DO MEU PAI. O MEU PAI TAMBÉM LHE OFERECEU O SEU LIVRO "PROBLEMAS DE XADREZ II".

COMO A TENSÃO ESTÁ BEM E O PAI SE SENTE NORMAL, O DR. APENAS LHE PASSA UM VALIUM 2,5 À NOITE A VER SE DORME MELHOR E UM ADALAT SÓ EM SOS.

QUANDO CHEGAMOS A CASA PELAS 18H, LANCHAMOS E ELE FICA A VER TV E EU DEITO-ME E DURMO ATÉ AGORA ÀS 9 E MEIA DA NOITE. ELE ARRANJA-SE SOZINHO COM O JANTAR, QUE É SÓ AQUECER, COMO É HÁBITO QUANDO EU NÃO ESTOU. NEM ME CHAMOU, COITADO, PARA NÃO ME ACORDAR.

AGORA ANTES DE ELE SE DEITAR A TENSÃO ESTAVA BOA. É A PRIMEIRA VEZ QUE FICA COM A CAMPAINHA À CABECEIRA, SE FÔR PRECISO CHAMAR-ME.

O MEU PAI NÃO TEM DOENÇA NENHUMA. SÃO "APENAS" OS 92 ANOS E A PREOCUPAÇÃO DE EU FICAR PRATICAMENTE SOZINHA A NÍVEL FAMILIAR, SE ELE SE FÔR. A FAMÍLIA MAIS PRÓXIMA ESTÁ EM ÉVORA. MAS TEMOS ALGUNS AMIGOS AQUI EM LISBOA E SETÚBAL, FORA ALGUNS QUE FIZ AQUI MESMO NA NET AO LONGO DO TEMPO EM QUE AQUI TENHO "JARDINADO". OLÁ MTC, MJ, CARLOTA, PAH, JÚLIO E OUTROS.

CAROS AMIGOS, NÃO FIQUEM PREOCUPADOS COMIGO. VAI CORRER TUDO BEM TANTO MAIS QUE HOJE FOI O SOLSTÍCIO E AGORA OS DIAS VÃO COMEÇAR A CRESCER. É O RENASCER DA LUZ CONTRA AS TREVAS QUE SE IAM ADENSANDO.

BEIJOS E UM BOM NATAL PARA TODOS.

LEONOR

quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

NATAL II

A Estes saiu-lhes o AfroMilhões...

Infelizmente duvido que nós possamos ajudá-los muito... os que poderiam ajudá-los muito estão ocupados com coisas mais importantes...
Pelo menos lembremo-nos que existem...


AMI - NIB: 0007 0015 0027 7810 00979 - Banco Espírito Santo.

UNICEF - NIB: 0035 0127 0002 8241 23054 - CGD

terça-feira, 19 de dezembro de 2006

NATAL I

Recordação

Aspásia 94

Clicar primeiro aqui...

...e logo a seguir, aqui.

domingo, 17 de dezembro de 2006

Outra Sugestão para Prenda de Natal!



Vitrine

EM ESPECIAL PARA OS APAIXONADOS... QUE MELHOR QUE NAMORAR NESTE NATAL ESCUTANDO NO PICK-UP O SOM INEFÁVEL DA VOZ DO CARLOCAS GUGU E DA SUA ORQUESTRA??? E EM HI-FI!!!
IMAGINEM QUE FORAM À BAIXA VER A(S) VITRINE(S)....
CHEGAM A CASA CANSADOS E FRIORENTOS, MAS FELIZES... OLHAM A PAISAGEM BRANCA, ATRAVÉS DA VIDRAÇA E AOS ÚLTIMOS RAIOS DO PÔR-DO-SOL AINDA DIVISAM UMA NESGA DE CETIM AZUL NO CÉU...
MAS... AH!... DE REPENTE UM PENSAMENTO SOMBRIO VOS INVADE ENQUANTO ESCUTAM A FAIXA FRACASSOS DE AMOR... "OH.... SERÁ QUE O NOSSO AMOR UM DIA FRACASSARÁ TAMBÉM?"....
OLHAM UM PARA O OUTRO ALGO DESCONFIADOS.... "AI, AI...." - PENSAM SILENCIOSAMENTE O MESMO - "QUEM SABE SE NÃO SOFREREI EM BREVE UM ABANDONO CRUEL...."
BEM, PEQUENOS.... NESSE CASO NÃO COMPREM ESTE 78RPM... TALVEZ SEJA MELHOR O TRIO ODEMIRA COM A MARIA ALBERTINA !!!

sexta-feira, 15 de dezembro de 2006

NESTE NATAL, ACOMPANHE O PROGRESSO !!!

CARO CLIENTE E AMIGO, NÃO ESQUEÇA DE PRESENTEAR A SUA CARA-METADE, MÃE, FILHA, AVÓ, TIA, PRIMA, NETA, MADRASTA, ENTEADA, CONCUBINA, MULHER-A-DIAS, CRIADA OU COZINHEIRA... COM O ÚLTIMO GRITO EM FOGAREIROS, PARA ASSAR O SEU PERU (sem acento no U) DE NATAL!!!


Fogareiro Lusogás

NÃO ESQUEÇA TAMBÉM DE PEDIR UMA CARTEIRA, COMPLETAMENTE GRÁTIS, DOS NOSSOS MAGNÍFICOS ESPEVITADORES nº 00, POR MEIO DE CUJO USO TRISSEMANAL, PODERÁ MANTER O SEU FOGAREIRO COMO NOVO DURANTE MUITOS E MUITOS NATAIS!!!

Espevitadores nº00

APROVEITE A NOSSA OFERTA DE NATAL... ANTES QUE ESGOTE!!! A SUA CARA-METADE, MÃE, FILHA, AVÓ, TIA, PRIMA, NETA, MADRASTA, ENTEADA, CONCUBINA, MULHER A DIAS, CRIADA OU COZINHEIRA... AGRADECER-LHE-ÃO COM OPÍPAROS REPASTOS!!!

NESTE NATAL... GAZCIDLA PARA TODOS !!!


GAZCIDLA



sexta-feira, 8 de dezembro de 2006

Quando o Dia da Mãe era a 8 de Dezembro...
algumas recordações...

1961 - 4 anos - Colégio Valsassina


1964 - 7 anos - Escola Primária do Vale Escuro



1965 - 8 anos - Escola do Vale Escuro

segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

A QUESTÃO DO ABORTO... E NÃO SÓ

O NÃO-ANIVERSÁRIO

EU HOJE FARIA UM ANO,
MAS EU NÃO ESTOU AQUI.
NÃO CHEGUEI A "SER HUMANO",
POIS SOFRI UM GRANDE DANO:
HÁ UM ANO NÃO NASCI.

ASPÁSIA 06


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A QUESTÃO É MUITO CANDENTE... HÁ PRÓS E CONTRAS DE MONTA... E É A MAIORIA DE UM POVO SEMIANALFABETO OU ILITERATO QUE NÃO COMPREENDE AS BULAS DOS MEDICAMENTOS...QUE SE DROGA COM FUTEBOL E TELENOVELAS... QUE VAI DECIDIR SOBRE ESTA QUESTÃO?

MEUS AMIGOS, AS COISAS NESTE PAÍS NÃO FUNCIONAM!!! PORQUE NÃO HÁ PESSOAS INTELIGENTES NOS TOPOS... OU SE HÁ UMA OU OUTRA... NÃO É SUFICIENTE...

É PRECISO É OS CENTROS COMERCIAIS ESTAREM NESTA ÉPOCA ABERTOS ATÉ Â MEIA-NOITE, PARECE... ENQUANTO QUE EM ESPANHA, POR EX., TÊM HORÁRIOS MUITO APERTADOS... LÁ AS PESSOAS AO FIM DE SEMANA, "SÃO OBRIGADAS" A PROCURAR ALTERNATIVAS CULTURAIS E/OU DESPORTIVAS... OU SIMPLESMENTE A DESCANSAR, A ESTAR CONSIGO PRÓPRIAS... A PENSAR!!!
NESTE PAÍS ANDA (QUASE) TUDO ATURDIDO... VAI-SE ATRÁS DO BARULHO DAS LUZES...
NÃO SE OUVE A PRÓPRIA RESPIRAÇÃO... NÃO HÁ TEMPO NEM ESPAÇO PARA PENSAR NO QUE REALMENTE INTERESSA...

A POPULAÇÃO DE PORTUGAL ESTÁ EM DECLÍNIO, DIZEM...
PORQUE NÃO DÁ O ESTADO CONDIÇÕES ALTERNATIVAS AO ABORTO E CRIA ESSAS CRIANÇAS... DE QUALQUER MODO AS CASAS PIAS JÁ EXISTEM... ESSA "PIEDADE" PODERIA COMEÇAR POR PERMITIR UM PARTO ANÓNIMO À MÃE, EVITANDO O ABORTO, E SENDO DE IMEDIATO O BEBÉ ENVIADO PARA UMA CRECHE DO ESTADO...
SE JÁ UMA SONDA VAI A PLUTÃO, QUE DIABO, TAMBÉM HÁ CIÊNCIA E TECNOLOGIA SUFICIENTES PARA FAZER ISTO! MESMO EM PORTUGAL...
CLARO QUE NÃO É O IDEAL... MAS ALGUMAS MULHERES, PELO MENOS, SE HOUVESSE UMA ALTERNATIVA DESTE GÉNERO PODERIAM ADERIR... SALVAR-SE-IAM VIDAS... SERIA UM EQUIVALENTE MODERNO À ANTIGA RODA.
E QUANTOS "MENINOS DA RODA" NÃO FORAM DEPOIS CIDADÃOS DE VALOR E ALGUNS ATÉ DE MÉRITO ELEVADO? (ESCRITORES, POETAS, ETC....)

Ainda Gedeão - 5 Poemas

Lidos em "Os Sons Férteis", de Paulo Rato (programa de poesia e música da Antena 2 - dias úteis, 11:00H).

1 - Tempo de Poesia

2 - Poema da Eterna Presença

3 - Poema do Fecho Éclair

4 - Poema para Galileu

5 - Pulsação da Treva

terça-feira, 28 de novembro de 2006

PARABÉNS, ANTÓNIO GEDEÃO
*Entre Ciência e Paixão*
Parte II


(Devido à grande extensão do Post anterior, foi o mesmo dividido em duas partes.)

Também posso dizer que desde os bons tempos do Liceu Filipa de Lencastre, a Física foi a disciplina que mais me fascinou, tendo concluído o antigo 7º ano com média de 19 a Física, a nota mais elevada que alguma vez tive. E claro que esse fascínio perdura até hoje... tendo meu Pai, autodidacta também nesta ciência, nomeadamente na Física Relativista de Einstein, muito contribuído para esta minha paixão. Havendo cá em casa muitos livros sobre Einstein e a Relatividade, nos tempos do Liceu devorei-os quase todos.
Também recordo, aí pelos meus 7 ou 8 anos, de ver meu Pai a construir uma maquineta com tubos de alumínio e ímanes, onde por umas calhas deslizavam umas bolas de metal pesadas e brilhantes que ainda por aí andam... destinava-se este engenho a obter o movimento perpétuo... eu, claro, passei uma fase em que não largava os ímanes e as bolas de metal de vários tamanhos... infelizmente, o Pai não conseguiu o movimento perpétuo... mas foi uma boa tentativa!
Assim, achei por bem e sendo a Poesia outra das minhas paixões, dedicar ao Físico Rómulo de Carvalho e ao Poeta António Gedeão - que também me inspirou a fazê-lo - um poema já com alguns anos, onde tento, através da Paixão pela Ciência, chegar à Ciência da Paixão.


Minerva


Entre Ciência e Paixão

Espantoso mal me atingiu
um dia, quando não esperava;
tudo o que é Lei infringiu,
toda a Razão me fugiu
e hoje, do Amor sou escrava.

Vou entrar em confidências:
resposta para este Amor
fui procurar nas Ciências;
interrogar sapiências
de físico e pensador.

Ai de mim! Para mal meu,
não explicam esta paixão
nem Freud, nem Galileu,
nem Einstein, nem Ptolomeu,
nem mesmo o próprio Platão!

Corri então os poetas,
li romances com afã;
vidas de heróis e ascetas;
teatro de marionetas,
de Molière e de Rostand...

Continuei, pressurosa;
li Voltaire, li Descartes,
Nietzsche, Cervantes, Espinoza...
Qualquer poesia ou prosa,
filosofia ou arte.

Corri todos os museus,
exposições e concertos.
Vi Picasso, admirei Zeus,
ouvi Wolfgang Amadeus -
obras completas e excertos...

Estudei as religiões,
tantas quantas achar pude;
e fiz peregrinações,
jejuns e meditações...
Li a Bíblia e o Talmude.

O Alcorão li também,
e, para salvar a alma,
dei esmolas, fiz o bem;
mas não pude encontrar quem
me restituísse a calma...

Procurei na Biblioteca,
do Mar Morto, os manuscritos;
mas, mesmo virada a Meca,
não me surgiu um Eureka!
da leitura desses escritos...

Estudo a Pedra de Roseta,
já sei Sânscrito e Latim,
vão correndo a ampulheta
e a clépsidra obsoleta
nesta pesquisa sem fim...

Quer de noite, quer de dia,
devoro, afincadamente,
Matemática, Poesia...
História e Antropologia
leio até ficar doente...

Já ninguém me reconhece,
nem pais, nem primos, nem tias.
O tino já me falece,
já tenho a espinha em s
e subi dez dioptrias!

Ao microscópio analiso
as lágrimas que chorei...
E um relatório conciso
cada noite realizo
das penas que suportei.

E, telescópio na mão,
noite alta, no firmamento,
procuro a constelação
que se encontra em conjunção
com Vénus, nesse momento...

Infelizmente, porém,
não ponho fim neste enigma;
não resolvo esta equação;
e, nem por integração,
acho alfa, gama ou sigma...

Desde a Relatividade
à Teoria do Eu,
procurei com ansiedade
descobrir uma Verdade
que me tirasse do breu.

Já vi no televisor
tudo o que é curso em cassette;
sei operetas de cór;
fui para o computador
e liguei-me à Internet...

Apesar desta procura,
continuei ignorante;
de Amor, o mal não tem cura
e eu, que era tão segura,
vivo hoje periclitante...

E, fartas do turbilhão
que me avassala por dentro,
a Cabeça e a Razão
ordenam ao Coração
que mate este sentimento.

O Coração, no entanto,
responde: "Procurai mais!
Apesar desse quebranto
não me tireis deste encanto
em que também navegais..."

E presa nestes dilemas,
vasculho as Enciclopédias,
equaciono problemas,
demonstro leis, teoremas,
leio farsas e tragédias...

Com tanto estudo, afinal,
tirei três licenciaturas:
Quântica Medieval,
Genética Sideral
E Fisio-Literaturas!!!

E, apesar de não achar
para meu mal solução,
vou, para me graduar,
em breve, tentar tirar
Doutoramento em Paixão
...

Aspásia 94


sexta-feira, 24 de novembro de 2006

PARABÉNS, ANTÓNIO GEDEÃO
*Entre Ciência e Paixão*
Parte I

Porque o dia constrói-se; não se espera.

Rómulo de Carvalho


Celebra-se hoje o 100º Aniversário do nascimento do grande Homem, Cientista, Professor, Historiador e Divulgador da Ciência, Escritor, Filósofo e Poeta, que foi o Professor Rómulo de Carvalho.
A sua Obra, quer na faceta científica, quer poética, revela-nos um talento e um brilhantismo que não sei se foi igualado por qualquer outro Português.
Uma tão vasta obra abrangendo dois campos que normalmente são dissociados por mentes pouco criteriosas, como a Ciência e a Arte, não é fácil de encontrar neste País. Assim de repente vêm-me à ideia nomes como Egas Moniz, Agostinho da Silva e Abel Salazar, como outros Portugueses que dedicaram a Vida simultaneamente à Ciência e à Arte, mas não de um modo tão abrangente.
Aqui podem conhecer ou recordar a sua Biografia.


Um testemunho: a Professora de Física Regina Gouveia, vencedora do Prémio Rómulo de Carvalho em 2005.

A PROPÓSITO DO PRÉMIO RÓMULO DE CARVALHO

Não tenho palavras para descrever a emoção que sinto por me ter sido atribuído o Prémio Rómulo de Carvalho, personalidade que tive o privilégio de conhecer pessoalmente nas minhas andanças de orientadora de estágio. E se nessas andanças conheci essencialmente o metodólogo, já antes tinha conhecido indirectamente o professor através dos seus livros adoptados para os Trabalhos Práticos de Química do Curso Complementar dos Liceus, o divulgador através das suas histórias (do Átomo, da Radioactividade, etc), da sua Física para o Povo, bem como outras obras de divulgação, o poeta através de toda a sua obra que me fascinou desde
o primeiro poema que li num número da revista "O Tempo e o Modo" e o ficcionista que conheci mais tarde. Qual destas vertentes me fascina mais? Escolha difícil mas talvez opte pelo poeta pois na sua poesia ele é simultaneamente o poeta, professor, o formador, o divulgador, o humanista.
Por tudo isto sinto, com a atribuição deste prémio, uma responsabilidade acrescida e o receio de não estar à altura do mesmo. Felizmente partilho-o com outros. E permitam-me que nesses outros destaque Ana Carla Campos também vencedora e Paulo Santos, menção honrosa. Tenho o prazer de os conhecer pois tive o privilégio de ser orientadora de estágio de ambos. Com Ana Carla Campos tenho mantido um contacto próximo pelo envolvimento em projectos comuns. O seu entusiasmo é contagiante.
Esta partilha com os demais vencedores e menções honrosas como que me aligeira um pouco a responsabilidade de que há pouco falava.
E é por causa dessa mesma responsabilidade que gostaria de acrescentar aqui algo, correndo o risco de não ser politicamente correcta. Vem isto a propósito da carga horária não lectiva dos professores. No caso dos professores das áreas das Ciências não seria bem mais eficaz a permanência na Escola se fosse obrigatoriamente dedicada à preparação e optimização das actividades experimentais a desenvolver com os alunos? É que com a carga horária que passa a ter, o professor vai dispor de pouco tempo para essas actividades, o trabalho experimental, tão necessário face ao insucesso dos alunos em áreas de Ciências, sai prejudicado.
Poderá argumentar-se que muitos professores não dão qualquer relevância à componente experimental. É verdade.
Mas, se por um lado creio que correspondem a uma minoria, por outro tenho a certeza que as medidas propostas em nada vão melhorar o seu desempenho na referida área. E mais grave ainda, os professores que até agora investiam fortemente na experimentação vão-se ver a braços com o tempo disponível para a preparação da mesma.
Também, e no que respeita às aulas de substituição que tantos problemas estão a gerar nas escolas, se visam evitar tempos mortos para os alunos, então seria pedagogicamente muito mais correcta e eficaz a oferta de projectos onde os alunos se pudessem inscrever e para os quais haveria sempre um professor disponível, disponibilidade decorrente das suas horas não lectivas. As disciplinas com componente experimental teriam aqui uma palavra importante a dizer. Na minha escola foi criado o Espaço Ciência Aberta visando precisamente ocupar os alunos de uma forma salutar e não desprovida de sentido. Só que a criação destes espaços implica planificação e essa não foi pensada nas medidas propostas superiormente.
Perdoem-me este desabafo mas ele emerge dum enorme gosto pela Física e pelo ensino da mesma e este, para ser eficaz, implica entusiasmo, dedicação, disponibilidade, rigor, responsabilidade.
O professor ajuda a construir e isso sugere-me o poema "Escopro de Vidro" de Gedeão.


ESCOPRO DE VIDRO


Estou aqui construindo o novo dia
com uma expressão tão branda e descuidada
que dir-se-ia não estar fazendo nada.

E, contudo, estou aqui construindo o novo dia
Porque o dia constrói-se; não se espera.
Não é sol, que deflagre num improviso de luz.
É um orfeão de vozes surdas, um arfar de troncos nus,
o erguer, a uma só voz, dos remos da galera.

Cantando entre os dentes um refrão anidro
abro linhas quentes com um escopro de vidro.
Abro linhas quentes sem tremer a mão,
com um escopro de vidro de alta precisão


In Poesias Completas, António Gedeão

Regina Gouveia


* * * * *




Pedra Filosofal
Poema de António Gedeão
Música e Int.: Manuel Freire



(continua)

quinta-feira, 23 de novembro de 2006

Trovas Soltas



A Vida é luta infindável
que todos querem ganhar;
mas vencer é improvável,
por isso, é aconselhável
com perspicácia jogar.

Muitos houve que trilharam
caminhos de perdição;
outros que desesperaram,
corpo e alma destroçaram,
por obter libertação.

Tenho sede de Absoluto
e ânsia de Perfeição…
Eu sou diamante em bruto
que sonha a cada minuto
na sua lapidação.

Se dizem que ele houve um Deus
que de Si me copiou,
rasgarei da noite os véus
e indagarei dos céus
se esse Ser me originou.

Se é loucura querer saber
e pecado querer amar,
pecadora quero ser
e, alienada, sofrer
escárnio da gente vulgar.

Procuro fazer crescer
o pouco que tive em sorte;
quero amar, rir e sofrer
− pois não é por não viver
que terei perdão da Morte.

Aspásia 98

terça-feira, 14 de novembro de 2006

"El Diluvio que Viene"



Nota: Podem ler o resumo desta comédia musical através dos links no Post abaixo.

segunda-feira, 13 de novembro de 2006

Parabéns, Mãe!
( Adendas ao Post Precedente)

Foram incluídas no Post precedente as seguintes hiperligações:

A comédia musical "El Dilúvio que Viene" - baseada na peça "After Me the Deluge" de David Forrest; musical italiano original "Aggiungi un Posto a Tavola" estreado no Teatro Sistina, em Roma, em 1974; versão em Castelhano, estreada em Madrid, em 1977, ocasião em que minha Mãe e eu assistimos à sua representação; reposição da mesma, em Valência, Barcelona e Madrid, em 2005, com um novo elenco.

Este musical esteve também para ser apresentado em Portugal, no fim dos anos 90... mas não houve possibilidades... infelizmente...

Ouçamos duas faixas deste musical:



Un Nuevo Sitio Disponed
(Que Viva La Amistad)

Faixa 1 do Musical "El Diluvio que Viene".




Bella Noche Sin Sueño

Faixa 8 do Musical "El Diluvio que Viene"



Nota: Estão disponíveis, através do eMule, todas as canções e um clip de vídeo amador de 54 m (550MB) deste musical. Aconselho vivamente. Basta colocar "El Diluvio que Viene" na caixa de pesquisa.

Foi ainda incluída a hiperligação


sexta-feira, 10 de novembro de 2006

Parabéns, Mãe!

Primeira Foto Mãe e Eu

A nossa primeira foto juntas... 12/10/57


É hoje o dia dos teus anos. Como já cá não estás há uns tempos venho escrever-te, pois também há tempos que não o faço… deves estranhar… sempre que estavas fora eu sempre mandava um postalzito cheio de saudades da tua filhota.

Tu bem dizias que eu me ia lembrar muito de ti… e é claro que lembro, Mãe. Inclusive se me lembro de alguma lenga-lenga ou cantiga que às vezes dizias, aponto logo. Como era aquela? “ Ti Ana, velha mulata, / entre outros bicos tinha / uma formosa galinha / que punha ovos de prata.” E outra… “Mas Rom-Rom fingindo ó-ó / no capacho ao pé do tacho, / vendo que não estava só, disse: / Ó diacho! Desaparece, parece, a comida do meu tacho…” Eram mais, as quadras… só fixei estas… devia ter escrito, mas havia pouco tempo ou não calhava… ou eu pensava que íamos ter mais tempo juntas para estas coisas… e depois a foice cortou o teu tempo mais cedo que nós esperávamos.

O Pai está bem… sempre agarrado ao Xadrez, já sabes, ao violino às vezes, ao Diário de Notícias e à livralhada… não se consegue desobstruir a mesa da casa de jantar, como tu tanto querias… eu às vezes dou um jeito mas daí a três dias já parece outra vez a Torre do Tombo…. enfim, o Pai sente-se bem assim, deixá-lo… já teve tantos desgostos na vida, não liga a certas ninharias…

Sabes, agora voltei para o pé dele. Já está numa idadezita, apesar de boa saúde… pode precisar de mim, de repente. De vez em quando vou à minha casa, saio, etc., mas voltei à base. A filha pródiga…
A tia está com muitos problemas familiares para lá… não conseguiu vir nem mesmo para os anos do Pai, nem os meus.

Lembro-me dos bons tempos em que davas aulas no teu colégio de sempre, desde a sua fundação pela D.ª Susana nos anos 30… o Valsassina, e eu, com 3 ou 4 anos lá na Infantil atirei com uma pedra para cima de um pavilhão baixo… mas devo ter sobrestimado a força do meu bracinho… e lá se foi um vidro de 2 metros quadrados… fiz um berreiro com medo… mas o Sr. Dr. Frederico não te fez pagar nada. Também eras a melhor professora da primária… os teus alunos eram sempre os mais bem preparados… muitos deles tinham distinções… ainda havia exames da 4ª classe e da Admissão aos Liceus, e nesses dias lá ias tu com eles para fazerem o exame. Hoje muitos deles são médicos, engenheiros, políticos de renome… o Rui Salvador foi para os touros… e o Torrado para a Rádio… o filho do realizador Fonseca e Costa é que não sei o que faz... filmes é que não é.

Depois as nossas praias… as primeiras, S. Pedro de Moel, em 1958, eu tinha 9 meses, nem saía do carrinho e a 2ª, a Foz do Arelho, no ano seguinte… aí já molhei o pezito e andei no baloiço… a minha irmã Margarida, tua enteada, também ia connosco… afinal deixou-nos aos 25 anos… quem diria que ela ia antes de ti…

Carlota e Leonor Armação de Pera 1961

Em Armação de Pera - 1961


Depois em matéria de praias, começou o Algarve que aqui a costa atlântica era muito fresca e nebulosa… foram quase 10 anos seguidos em Armação de Pêra… lembro-me de tu e o Pai dançarem no plateau do café do mini-golfe, enquanto eu via se me insinuava com outras pessoas fingindo que era da família delas, para entrar lá no mini-golfe…

Carlota e Rui Sevilha 1959

Como tu gostavas de dançar... - Sevilha 1959


Passou-se o tempo, entre estudos, o piano (a D.ª Fernanda Chichorro já faleceu há 2 anos, mas a D.ª Sofia ainda é viva e mora em Fátima… tenho de ver se a visito, antes que se vá também, já terá quase 90…) brincadeiras, férias no Alentejo e depois o meu curso no Técnico… olha a D.ª Margarida de Abreu, colega do Pai nas récitas musicais, onde ele cantava e ela dançava entre os outros colegas deles, faleceu há um mês… lá se foi a minha Professora, embora por pouco tempo, de Ballet… lembras-te quando apanhávamos o eléctrico 6 e depois o elevador da Glória para irmos para o Conservatório? E estava lá um frio naqueles vestiários… mas eu era tragalhadanças para o Ballet e sempre maior que as outras da mesma idade… e pronto lá fui antes para o piano para a D.ª Sofia Virgínia na Calçada do Grilo… há semanas andei a ver essa casa abandonada e já semi-arruinada e tirei umas fotos antes que desapareça… os pedaços do meu passado, estão a começar a ruir… os de pedra, enfim… o pior são os pedaços das almas que os habitavam…

Também visitei em Junho a D.ª Lurdes, das camionetas do Valsassina… felizmente essa é rija e não vai mal para os 77, parece, que já tem… desde o dia do teu funeral, que eu não a via… agora mora em Miratejo. Falámos claro da nossa visita à Madeira a casa dela e do corropio que foi para numa semana se ver a ilha de lés-a-lés… só faltou o Porto Santo…


Mãe e Eu FERRAGUDO 1972

Depois de um belo almoço em Ferragudo - 1972

Ontem andei aqui a dar volta a roupas tuas, a coisas, papéis… ainda está cá tudo… voltei ao meu quarto, durmo no mesmo sítio onde faleceste, embora, claro, a cama articulada voltou logo para o SAMS… há poucos dias é que apanhei um grande choque… houve uma camisa tua que escapou à lavagem geral… e ainda tinha duas nódoas sanguinolentas… e pensar que já te foste há quatro anos e meio e ainda aqui havia sangue teu… deve ter sido de quando te dei alguma injecção. Vê lá, até pensei fazer uma preparação e ver ao microscópio… já sabes como é o meu espírito científico perante qualquer situação… mas não quis ser mórbida a esse ponto e a camisa lá foi para a máquina.

Dos teus RX de cinco anos no Hospital de Dia de Oncologia de Santa Maria ainda estão cá muitos… tenho de ver se os levo à farmácia… uma vez levei-os mas a campanha de recolha da AMI tinha acabado…

Quando telefonei ao Dr. Quintela a dizer que tinhas falecido, ele ficou como calculas… embora já se esperasse, já só estavas a sofrer… foi um grande Médico que tivemos e um grande amigo… ainda lhe disse que um dia lhe ia lá dar-lhe um abraço… ele disse “Não é necessário, Leonor…”, depois… o tempo foi passando e eu compreendi que não ia ter coragem de voltar a ver toda aquela gente, os corredores do hospital que palmilhávamos regularmente de 3 em 3 semanas com o pai muitas vezes a empurrar-te a cadeira e eu com o saco dos exames, que andava sempre pesado… a não ser que estivesses internada no piso 9 da Pneumologia, com alguma crise de atelectasia do pulmão direito… ainda foram umas 10 ou 12 vezes… o Dr. Feijó sempre te conseguiu desobstruir o brônquio direito até ao dia em que teve de te implantar uma prótese endobrônquica… mas depois a prótese também foi invadida pela metástese… foi o princípio da última etapa… de Quimio fizeste tudo de A a Z, inclusive já no fim o que na altura se fazia para o fígado e o pâncreas, o que não era o teu caso…

Que pena que as enfermeiras da Quimio devem ter tido… tão amorosas que foram… e a graça que elas achavam quando te punhas a recitar algum poema teu ou outro que sabias de cór… ou lhes contavas de quando em muito jovem fazias renda de bilros para ajudar o fraco ordenado de professorinha primária com 17 anos já fora da tua Estremoz… para ganhares para as tuas coisas que os Avós eram quase pobres… e o Avô metia-se na pinga quando saía da tanoaria e às vezes chegava a casa e queria bater-vos, em ti e na Avó… parece-me que não o chegou a fazer. mas quanto a gritaria havia de sobra… vocês fechadas no quarto e muito assustadas...

Lá boa cabeça tiveste até ao dia anterior a partires… até perguntaste o nome ao enfermeiro João, aqui no quarto quando te pôs o oxigénio… chamei-o pois eu sabia que não podias voltar ao hospital… só irias lá sofrer mais que aqui… depois, passadas 36 horas, quando o enfermeiro voltou para renovar o oxigénio e te ver, eram quase 10 da noite de 12 de Abril de 2002… tinhas ofegado todo o dia, já não falavas, não sei se ouvias, mas não reagias nem ao aperto de mão... e eu às tantas tinha notado que, embora tivesses o tubo do oxigénio no nariz, estavas a respirar era pela boca… então pensei, "o oxigénio assim não está a fazer nada"… eram uma 5 ou 6 da tarde e liguei ao enfermeiro a ver se te podia mudar o tubo do nariz para a boca… ele disse que sim e mudei… mas de nada adiantou… mais tarde pensei se eu tivesse visto isso mais cedo, terias tido mais oxigénio, se o tubo estivesse na boca? Talvez tivesses resistido mais umas horas provavelmente… talvez pela minha ignorância tenhas tido menos umas horas de vida? Mas já estavas em edema pulmonar e, apesar de teres um óptimo coração em todos os sentidos, a insuficiência cardíaca devido à hipóxia estava a acentuar-se… Foi o enfermeiro entrar e começarmos a ver que o teu ritmo respiratório ia baixando… eu nunca tinha presenciado um falecimento e disse ao enfermeiro “parece que está a respirar com intervalos cada vez maiores…” e pelo olhar dele percebi logo que tinha chegado a hora… a Tia estava já ao pé de nós e eu chamei o Pai a correr… “depressa Pai, dê um beijo na Mãe… está a morrer…” e todos te beijámos na testa, eu, o Pai e a Tia. Numa questão de mais um minuto o enfermeiro confirmou. 22 Horas de 12 de Abril de 2002.

Bem, Mãe, tu hás-de estar a pensar: “Ó filha não estejas agora a recordar essas tristezas todas… para onde te havia de dar! Já sabes como eu era uma mulher prática e de poucas pieguices… comecei na escola da Vida muito cedo… com 17 anos já estava hospedada num quarto e tinha à minha frente uma turma de crianças de aldeia de todas as classes da primária, para ensinar… Pensa é em levar a tua vida para a frente e divertires-te… na companhia do teu Pai, que felizmente, pelo andar da carruagem, ainda pode durar um bom par de anos…
Olha, eu lembro-me mais foi do dia em que tu nasceste… já havia uma semana que eu tinha ido assentar arraiais para a Associação dos Empregados do Comércio… com medo não viesses por aí disparada… mas passavam-se os dias e nada… muito dorminhoca tu já eras… depois sempre o foste… quando finalmente te deu para acordares do sono de nove meses e saíste, vinhas um bocado calada… foi preciso o grande amigo do teu Pai (às vezes tocavam juntos), o Dr. Eduardo Rosado Pinto, o irmão da pianista Maria Adelaide Rosado Pinto e ambos filhos do compositor e maestro setubalense Celestino Rosado Pinto (uma família que muito fez pela música na Cidade de Setúbal!) dar-te uns bons açoites… lá começaste então num berreiro… o Dr. Eduardo tinha umas belas mãos… aliás também tocava muito bem piano, embora não fosse profissional como a irmã…

Depois lá começou a via sacra das tuas caídas constantes à cama com constipações, febres e amigdalites… coitada, a minha filhota com 5 anos e grande pena nossa, foi amarrada à cadeira operatória e anestesiada com éter… debateste-te com uma força hercúlea, apesar de atada foram precisos o médico e duas enfermeiras para te segurar… depois da operação à garganta, que era moda nesse tempo, pelo menos vingaste-te bem a comer só geladinhos, uns feitos em casa outros que o Pai trazia quando vinha do Banco… dessa parte já gostaste!!!
Também me lembro que fomos muito às termas de S. Paulo que havia em Lisboa para fazeres tratamentos… ele era aerossóis, ondas curtas, ertc. e mal começava o calor ía logo contigo para S. Amaro de Oeiras, mesmo antes de irmos para o Algarve… que bons tempos, filha!”

Pois, Mãezinha… que bons tempos, e depois as idas a Madrid quase durante 10 anos, pela Páscoa por causa de ver se os teus olhos te permitiriam ainda trabalhar mais uns anos… o Dr. García Franco, da Calle Serrano, e as suas gotas miraculosas!!! O que é verdade é que chegámos lá contigo com 16 dioptrias… e na tua infância, quando se descobriu que “vias mal”, pois uma vez aí com 5 anos tinhas caído num tanque de barro ao nível do chão, porque pensaste que era chão também… e não fosse a tua amiga de brincadeiras ter gritado, ter-te-ias afundado no barro… e depois quando bateste na asa de uma panela com água a ferver… e aí vem a panela para cima do teu braço direito e parte lateral do peito… uma enorme cicatriz para toda a vida… às vezes o Avô ia contigo ao cinema, e tu pensavas que aqueles borrões de luzes e cores é que era o filme! Pois se nunca tinhas visto de outra forma desde que nasceste… quando foste para a escola, eras a melhor aluna e com melhor caligrafia, com o nariz em cima do caderno… mesmo na primeira fila não vias para o quadro, tinham de te levar tudo ao lugar… e assim passaste a escola até à 4ª classe, quando finalmente te levaram a um oculista em Évora, cerca de 1930… ora, só lá havia lentes até às 6 dioptrias e o senhor disse…”Esta menina tem uma miopia muito grande! Só em Lisboa é que haverá lentes para ela!”
Chegados a Lisboa, descobriu-se então que aos 9 anos já tinhas 10 dioptrias… lá te arranjaram uns óculos e começaste então a perceber melhor o que era o mundo afinal…

Bem, o que é certo é que depois em Madrid, o Dr. Franco conseguiu tirar-te 4 dioptrias! E a mim, que ia nas 2,5 baixou-me para 1,75… lembras-te que numa altura em que ficámos sozinhas no consultório dele despejei umas gotas dos dois principais colírios da desconhecida fórmula lá dele, que nem os filhos sabiam, para dois tubinhos que eu tinha levado? Era para mandar analisar aquilo quando chegássemos a Lisboa… a minha mania de analisar tudo! Mas não o cheguei a fazer… e ele levou as fórmulas com ele quando morreu, não gostava que o filho Luís fosse cirurgião ocular… e o filho ganhava mais dinheiro com cirurgias do que a pôr gotas nos olhos, não ligava às gotas do pai…
Mas também nos divertíamos, em Madrid! Eram os anos 70, 80… íamos ao Corte Inglés, ao Prado, ao cinema, à Zarzuela… e então aquele musical maravilhoso que tu adoraste e comprámos o LP? Era “El Dilúvio que Viene”… que maravilha… o "Padre" apaixonado pela "Clementina" cantava “Que pena que sea pecado y que el pecado termine así… Clementina, Clementina, oooohhhh!!!!” Um dia tenho que passar o LP aos novos meios e pôr um pouco no meu blog musical… e calcula que entretanto descobri que foi feita uma reposição em Madrid o ano passado! Acho até que já existe em DVD!!! Vou tentar arranjá-lo...

E claro, já viste que me meti nisto da blogosfera… tem imensa piada, mas também é preciso uma pessoa não se deixar obcecar… é como em tudo na Vida! Mas já fiz amigos, fui a encontros... estou agora a entrar numa grande amizade com uma Carlota... como tu! Também tem muitos problemas com os olhos...
Também não me esqueço dos belos tempos das Pedras da Rainha, quando tínhamos lá a casota... o 25 C... faz agora precisamente 10 anos, viemos de lá pela última vez... tu passaste o tempo a tossir e a vomitar nas viagens... nem pudeste ir a casa da Luisinha de Silves, a minha grande amiga das brincadeiras de Armação de Pera e que não víamos há 20 e tal anos... mas eu e o Pai ainda fomos... estavam todos bem, ela tinha acabado de ser mamã já com 37 anos... afinal a mesma idade com que tu o foste.
Quando viemos, lá deixámos a bichana cor de café com leite com os três pequenotes numa cabaninha improvisada e bastante comida... chovia muito e eu não quis vir sem eles estarem crescidinhos... foram os últimos hóspedes de incontáveis gerações de gatinhos do aldeamento que sempre que lá estávamos sabiam que tinham sempre na nossa varanda água, comida e festas... chegavam a ser aos nove e dez, lembras-te? Mas não os podíamos trazer... não tínhamos condições para ter gatos em casa, com a tua doença e o meu problemas dos olhos já havia muito que fazer...


ALMOÇO DOS GATINHOS P.R. 1988

Dando o almoço aos gatinhos - Pedras da Rainha, 1988



Depois passadas semanas de termos voltado a Lisboa, confirmou-se... depois de dez anos assintomática e dada como curada após mastectomia parcial, tinhas metastizado a nível do brônquio direito, couro cabeludo e metástese óssea difusa... a Dr.ª Marília que te seguia anualmente, ficou pasmada... depois de dez anos considera-se que houve cura... mas algo lá tinha ficado...
Tiveste azar... tivemos azar, Mãe... mas ainda tiveste bastante qualidade de vida durante mais três ou quatro anos... o último é que foi pior...

Mãe e Eu com as primas 1999

Nós com a tua sobrinha Gabriela e as filhotas - 1999


Olha Mãe, já deves estar cansadota… uma carta tão grande…e eu também tenho de descansar os olhos, como sabes… Vamos terminar em beleza com um soneto teu… minha grande marota, que os rasgaste quase todos! Mas ainda tenho esperança de encontrar pelo menos o “Farolito”, que ainda recitavas lá na enfermaria…

Depois, olha, vamos ouvir o Francisco José de que tu tanto gostavas… e duas faixas d´"El Diluvio que Viene", que também adoraste quando o vimos em Madrid, em 1977!
E olha, Mãe, vou escrever mais vezes… temos muita coisa a recordar… foram 44 anos muito bem passados juntas…

Primeira Foto Mãe e Eu

A nossa última foto juntas com a tua querida irmã e minha tia Ju, a quem nunca poderei pagar o auxílio e o carinho constantes que nos prestou na tua doença e ao longo de toda a nossa vida. Tia, minha segunda Mãe, um grande beijo.

* * * * *





La Mamma Morta (da ópera André Chénier de Umberto Giordano)

Maria Callas



* * * * *

Se…

Se eu tivesse o condão de possuir
a vocação inata de um pintor,
na minha paleta teriam de existir
beleza e fantasia, além da cor…

E se fosse possível conseguir
da minha inspiração, alto fulgor,
o rosto de uma criança, a sorrir,
eu pintaria, com extremoso amor…

Daria ao seu sorriso um tom divino
de matizes e reflexos luminosos…
e, ao seu olhar, a calma da bonança…

Por fim, daquele rosto de menino,
em cambiantes raros, primorosos,
faria irradiar a luz da esperança!

Carlota Augusta Franco Carapeta (1920-2002)


* * * * *



Teus Olhos Castanhos

Francisco José




Un Nuevo Sitio Disponed

Faixa 1 do Musical "El Diluvio que Viene"




Bella Noche Sin Sueño

Faixa 8 do Musical "El Diluvio que Viene



Mãe, despeço-me por agora, com estas belas canções... mas daqui a pouco ainda vou levar uma rosa ao sítio onde ainda resta algo do teu corpo. Sempre disseste que não querias que te levassem flores... mas desculpa lá... é também para ajudar a florista, a D.ª Felicidade, que já tem 85 anos e sofre muito do reumatismo, coitada...

Um enorme beijo da tua filha muito querida,

Leonor


Rosa Branca

sexta-feira, 27 de outubro de 2006

Dedicado ao Meu Querido Colega... o Tonecas!!!

O Humor é uma forma suprema de saúde mental colectiva.

Sigmund Freud


Lições Tonecas 1









  • Lições Tonecas 1





  • Espero que se (re)divirtam tanto como eu!!! ...

    P.S. - E como podem ouvir em fundo, não é lá uma ou outra reguadazita do Mestre que impede o Tonecas de se divertir à grande... e à portuguesa!!!

    segunda-feira, 23 de outubro de 2006

    RIMANDO à CHUVA

    (Rhyming in the Rain)

    Sor Aspásia
    Eu, num momento de contemplação, após ter areado a pia da água benta




    Veni Sancte Spiritus

    The London Symphony Orchestra & The Choir of Magdalen College, Oxford.


    Caros Confrades/fradessas:


    Como alguns de entre vós estareis recordados, tendo recentemente o grande Vate Bocage, conterrâneo de meu augusto Pai, passado ao largo deste eremitério, logo eu e outras Irmãs combinámos um mote para lhe "atirar", pois como sabeis, era o que sempre lhe sucedia quando passava perto de algum convento... as boas Irmãs sempre lhe diziam "Bocage, lá vai Mote!!!", a fim de que ele lhes (ar)rimasse, amenizando assim a dura vida de mortificações e bentas orações das pias enclausuradas. Desta sorte, outrossim também nós lhe enviámos o seguinte Mote, que em tudo somos pobrezinhas, menos no espírito, valha-nos Nossa Senhora do Oh!!!

    MOTE
    "Ah, vãs paixões deste Mundo fatal,
    havereis de morrer às garras do Ideal !!!"


    O pobre Vate, mesmo "num curto josezinho rebuçado" como sempre costuma vestir e debaixo do intenso temporal que se fez sentir aqui em Aboboreira-Menina-de-Baixo, não quis defraudar as nossas expectativas.
    Eis pois, como de imediato nos rimou, à chuva (em vez de, como o Gene, dançar).
    Foi uma festa aqui no convento, pois depois veio tomar chá connosco... e aproveitámos todas bem, pois a nossa Madre Supérrima, Sor Violante do Céu, a Décima Musa e Fénix dos Engenhos Lusitanos, também muito dada a trovas e rimances, como sabereis, havera ido de fim-de-semana numa peregrinação a pé descalço à Porcalhota.
    Aqui vos deixo, então, com o Poema completo, a fim de que fiquem vossas almas expurgadas de qualquer pecado venial. Expurgações mais avançadas, só com o consentimento da Madre Superiora.



    Mote

    “Ah, vãs paixões deste Mundo fatal,
    havereis de morrer às garras do Ideal!”

    Glosas em Soneto

    Ah, vãs paixões deste Mundo fatal,
    que em cruel consumpção das almas porfiais,
    sobre mim não terá vosso ardor bestial
    qualquer poder, pois sabei, tenho mais

    que fazer, oh!, vilãs dos corpos em pecado...
    pois forte é minh´alma e meu espírito preclaro...
    Com mortal fastio vos passarei ao lado,
    e irei professar no convento de Faro!

    E se a Morte é certa e tudo o mais é vão,
    não julgueis, paixões, que sois donas do mundo,
    que Senhoras sois vós do Bem e do Mal...

    Da vã ignomínia do vosso estadão,
    caireis, abjectas, no Hades mais profundo
    e havereis de morrer às garras do Ideal!!!




    Madre Abadessa
    A nossa querida e bela Madre já nos enviou esta foto, do Eremitério da Porcalhota! Disse que está a banhos de mostarda aos pés, salapismos e vixas receitados pelo Dr. Manuel Ferreira, por via (sacra) da caminhada que empreendeu. Mas que, da próxima, pede o asno Rucio ao Sancho Panza ou um monociclo ao Palhaço Popov, que ela já não está para tantas andanças!!!
    Envia a todos e principalmente a todas, a sua Benção!!!

    Misit servos suos vocare invitatos nuptias.

    segunda-feira, 16 de outubro de 2006

    P A R A B É N S, JÚLIO MACHADO VAZ !!!

    JMV 17 anos

    ... e só para provar que dos 17 aos 57 -- y 2 x 20 años son nada, que febril la mirada... -- não mudou assim tanto Avec le Temps!!! ;)), eis a famosa foto da brilhantina (blhêêc!) e fato domingueiro de que ontem falou n´ O Amor É... igualmente domingueiro !!!


    Um óptimo dia,
    pouca correria! (sua...)
    Bastante folia... (nossa...)
    pouca gritaria... (dos netos, claro...;))
    e enorme alegria!!! (de todos!!!)

    são os votos sinceros desta sua amiga, que, claro, aproveita (-se ;)), e bem, da ocasião, para lhe dar uma beijoca (chouuaaaaaaaaaaaccc)... Do fundo do coração!!!...

    * A S P Á S I A *


    JMV by Aspasia


    This One´s from the Heart

    TOM WAITS & CRYSTAL GAYLE

    Tema principal
    da Banda Sonora de One from the Heart (1982),
    de Francis Ford Coppola.
    Interpretação: Tom Waits e Crystal Gayle.

    As you go out it's Independence Day;
    But instead I'll just pour myself a drink.
    It's got to be love, I've never felt this way.
    Oh baby, this one's from the heart…

    The shadows in the road look like a railroad track.
    I wonder if he's (ever) really comin' back.
    The moon's a yellow stain across the sky.
    Oh baby, this one's from the heart…

    (Maybe) And I'll go down to the corner and get a racin' form,
    (But) And I should prob'ly wait here by the phone.
    And the brakes need adjustment on the convertible
    Oh baby, this one's from the heart…

    The worm is climbin' the other color tree
    Robin is back against the wall;
    Pour myself a double sympathy
    Oh baby, this one's from the heart…

    Blondes, brunettes, and redheads put their hammer down
    (To put ) don't pound a cold chisel thru my heart.
    But they were nothin' but apostrophes.
    Oh baby, this one's from the heart…

    I can't tell, is that a siren or a saxophone?
    But the roads get so slipp'ry (when it rains)
    I love you more than all these words can ever say
    Oh baby, this one's from the heart...

    CD One from the Heart




    P.S. - E agradeço do fundo do coração, pois foi graças a si que conheci este magnífico filme e respectiva banda sonora, já lá vão uns anitos!...

    sábado, 7 de outubro de 2006

    Manuel Ferreira, Surgião

    Caros amigos, como alguns de vocês devem saber, tenho estado com um problema de saúde - uma forte laringite e tosse violenta.
    Felizmente, já fui visitada, ao domicílio, por um simpático jovem médico, o qual me disse ser bisneto de um famoso cirurgião da Sertã, cujo repertório de serviços, extremamente ecléctico, gostaria de vos dar a conhecer. Espero que se divirtam tanto como eu. Eu cá por mim só tenho pena de não ter sido paciente dele, embora me pareça que tratava tudo menos as suas próprias constipações... Em fundo estamos a ouvir alguns ruídos provenientes do seu antigo consultório... ;)))

    O Surgião

    (clique para aumentar)


    Infelizmente para todos nós, hoje em dia já não se fazem médicos deste calibre!!!... ;)))

    P.S. - já depois de ter postado, encontrei outra referência a este Doutor da Conchinchina...

    quarta-feira, 4 de outubro de 2006

    Je Suis Malade


    Eis-me neste lindo estado...


    Pois é, caros amigos... como veêm, estou de baixa!

    Relatório Clínico

    Fins de Setembro - começo com ligeira tosse de cão.

    2 de Outubro - a tosse evolui para tosse de cão danado. Não posso falar um minuto sem perder a voz.

    3 de Outubro - depois de 2 ou 3 ataques de tosse espasmódica e provocando falta de ar, vou à urgência do SAMS.

    Triagem - Edema e dor da faringe. Ausência de febre.

    Consulta - Médica muito simpática! Observação do ouvido e do gasganete. Auscultação cuidadosa e demorada.

    Terapêutica na urgência - injecção intravenosa de Cortisona (anti-inflamatório corticosteróide). Aerossol de Ipatrópio, (broncodilatador), 30 m. Conheço a Matilde, que na cadeira ao lado sofre tratos de polé semelhantes e trocamos algumas impressões (depois conto o resto).

    Sigo para o RX.
    Faço o RX.
    Volto à médica com o raio do RX.

    Diagnóstico - infecção e inflamação acentuadas da faringe e laringe e já atingindo ligeiramente a árvore brônquica. [Com suspeita de tentativa sublimada de autodestruição :].
    Terapêutica instituída - Ceclor Retard, Xyzal, Serevent e Mucosolvan. Beber muita água. Voto de silêncio (os outros pode quebrar :) )

    Regresso a casa e início da terapêutica.

    Apetite alimentar - normal.

    Outros apetites - muito reduzidos.

    Sono - bastante reduzido.

    4 de Outubro - estado estacionário, mas se abro o bico lá vem tempestade de tosse. Febre muito ligeira, só se nota nas mãos e orelhas.

    Tão depressa não vou poder cantar a ária de Mimi... por isso vos deixo com os fantásticos Sofia e Serge!!!

    Je Suis Malade
    Sofia e Serge Lama

    Olá, Matilde!

    Cara companheira de infortúnio nas urgências do SAMS, espero que esteja melhor! Eu ainda estou muito atacada... como pode ver acima!
    Apesar de estarmos tão doentinhas, o que a gente se riu... olhe, estou a pensar escrever a história do nosso encontro e talvez publicá-la aqui (com sua licença) e até talvez enviá-la para um programa de rádio, mantendo-se, claro, o nosso anonimato. Mas não para já.
    As nossas rápidas melhoras é o que eu desejo por agora!

    Um beijinho,
    M.L.(como a sua irmã)
    :))

    terça-feira, 3 de outubro de 2006

    Aspásia Italiana

    Eu ignorava que além da minha homónima grega, há esta, italiana... pelo grande poeta Giacomo Leopardi.

    Aspasia

    sexta-feira, 29 de setembro de 2006

    Autumn Leaves II (uma celebração à Amizade)

    Só hoje eu e a MT vimos que, sem o sabermos, escolhemos a mesma canção como homenagem ao Outono.

    Querida amiga, com tua licença, vou partilhar aqui a tua magnífica escolha.

    Fiquei sem palavras para descrever a despojada mas impressionante interpretação de Eva Cassidy em 1996, que, apenas com a sua voz, a sua viola e um pianista, transcende muitos que se acompanham com camiões de tecnologia.
    Só posso dizer que acabei à beira das lágrimas.

    Um beijo para ti, Amiga.

    domingo, 24 de setembro de 2006

    Autumn Leaves

    Diana Krall
    CopyLeftAspásia 99

    The Autumn leaves
    drift by my window,
    The Autumn leaves
    of red and gold

    I see your lips,
    the summer kisses,
    The sun-burned hands
    I used to hold.

    But since you went away ,
    the days grow long
    And soon I´ll hear
    old Winter´s song...

    But I miss you most of all, my darling,
    when Autumn leaves start to fall.

    Folhas de Outono

    segunda-feira, 4 de setembro de 2006

    Sonho Egípcio



    Eu com o meu namorado Tuta-e-Meiosis XCIV


    Hoje acordei egípcia
    e só ando de lado,
    função que com perícia,
    pratico há um bocado.

    Ando de tanga às riscas,
    sandálias de bambu,
    um colar de ametistas,
    o resto... tudo a nu.

    Ao meu pequeno-almoço,
    sentada num tripé,
    bebi chá de tremoço
    e papas de rapé.

    Enquanto meu abutre
    cantava no quintal,
    dei banho a Tot-A-Mut,
    minha cobra coral.

    Sentei-me numa esteira
    a estudar hieroglifos,
    mas deu-me uma soneira
    e sonhei com três grifos.

    Chegou o meu amante,
    que me trouxe do Nilo
    um colar de diamante
    e unhas de crocodilo.

    Chamámos dois felás
    p´ra nos levarem, às costas,
    a casa de Al-Faissaz,
    comer umas lagostas,

    e, para terminar,
    e como era Domingo,
    salada de nenúfar,
    e um bife de flamingo!

    Voltámos para a sesta,
    até ao pôr-do-sol,
    mas foi tamanha a festa,
    rasgámos o lençol...

    Acordámos, enfim,
    e fomos, num repente,
    dançar para o jardim,
    uma Dança do Ventre!

    À hora em que Amon-Rá
    se põe lá em Gizé,
    degustámos maná,
    fumámos narguilé.

    Rezámos a Osiris,
    cantámos a Horus,
    tomámos banho de íris,
    tomilho e alcaçuz.

    Pusemos os unguentos
    que fazem delirar:
    ele, sândalo bento,
    eu, rosa e almíscar,

    enquanto a serva núbia,
    nos ia embalando,
    uma ária da Aida
    numa lira ensaiando…

    E assim aperaltados
    lá fomos p´ró banquete,
    por Cleópatra chamados
    - pois fazia dezassete
    aninhos, a menina…

    E levámos, de prenda,
    um escravo, uma ocarina
    e um soutien de renda
    todo em crepe da China !!!


    Eu quando ainda fazia Dança do Ventre ;))...


    Not any Love
    (dança do ventre egípcia)

    sexta-feira, 11 de agosto de 2006

    O Porto Sentido... a Sul


    O Porto ao entardecer
    (Foto
    daqui)



    Pelo "Porto Sentido" já eu ficara apaixonada desde a primeira audição. Para mim continua mesmo a ser a mais bela canção do Rui Veloso. Não só pelos versos e melodia incomparáveis, mas também porque, dedicada a uma cidade, parece também dirigida a alguns de nós em certas fases da vida.
    Há um bom, mas mesmo bom par de anos, princípios de Março, fui passar uns breves dias de férias a um Algarve completamente primaveril. No caos do saco das cassettes de então, lá ia também uma do Rui Veloso. Os diazitos decorreram breves, algumas correrias para conhecer melhor o Barlavento, desde Quarteira ao Cabo de S.Vicente, ali, onde a terra acaba e o mar começa, gozando da hospitalidade de uma amiga de Lagos. O último dia, esse, aproveitado para descansar um pouco na paz e sossego de Pedras da Rainha, quase no extremo oposto. E na manhã seguinte, mesmo antes do regresso a Lisboa, carro já atafulhado, não resisto, um passeiozinho à beira da Formosa, o pinhal de Cabanas cá em cima, a ria lá em baixo, belezas estas já bem conhecidas de outras estadias, mas sempre saudosas, de tão distantes. E nessa altura do ano, imperturbadas pelas multidões estivais... Então, ideia brilhante, ouvir ali na luz, tão a Sul, o “Porto Sentido”… faria sentido??? Um dia já recuado, "o Corridinho foi dançando até Lisboa...", porque não levar eu agora o Porto ao Sotavento Algarvio? Digressão por sinal bem mais longa...
    E na luminosidade feérica de um meio-dia algarvio, reflexos intensos na água azul e desabrochar de verdes atrás de mim, começo a ouvir a voz e a música do Rui e as palavras do Carlos Tê. Luzes sombrias, tons cinzentos, neblinas e lampiões, pedras sujas e gastas da sua bela Cidade, não pareceram entrar em conflito com a luz forte, o azul intenso, o claro areal algarvios. Belezas tão distantes – afinal se calhar só no mapa – mesmo ali não colidiam, complementavam-se, olhos e ouvidos estavam em harmonia,.. E, quando a canção chegou ao fim, jeito fechado de quem mói um sentimento e altivez de milhafre ferido na asa, percebi também não serem exclusivos de uma cidade ou lugar. Senti-os plenamente humanos e, por isso mesmo, universais.


    A Praia de Cabanas
    (Foto Aspásia)

    * * *
    Nota: Esta "história" passou-se em Abril de 1994. Foi lida no programa "História Devida" de dia 7 da Antena 1.




    Neste mesmo dia, há 50 anos, meus Pais partiam para o Porto em lua-de-mel. Infelizmente, minha Mãe já não está connosco para hoje comemorarem as Bodas de Ouro. Fica mais esta recordação...

    domingo, 23 de julho de 2006

    Latinorius


    Ave! Ora então vamos lá hoje à nossa aulazita de Latim Moderno. Se pensavam que o Latim é uma língua morta, desenganem-se! Leiam este texto, publicado há um par de anos na imprensa portuguesa…

    * * *

    Já experimentou ser obscena observandi cupido da sui ipsius nudator que passa na birota automataria? Não? E não será muito novissimorum morum affectator? Não sabe? Então o mais aconselhável à sua situação cultural é ler este texto até ao fim.
    O Vaticano resolveu desenterrar o Latim, a língua oficial da Santa Sé. Visto que, durante largos anos, se tratou de uma “língua morta”, do seu vocabulário não constam muito dos termos hoje em dia utilizados frequentemente. A Fundação Vaticana Latinitas resolveu o problema. Após oito anos de aturados estudos, sob a coordenação do abade Carlo Egger, foi finalmente publicada a obra que permite a actualização do léxico latino.
    O novo dicionário compila mais de 15 mil neologismos, a maioria dos quais empregados em todo o Mundo na língua original, o inglês ou o francês, cobrindo áreas como o desporto e as ciências. A apresentação do Lexicon Recentis Latinitas decorreu na Finlândia, em 2004. Aqui ficam alguns exemplos citados pelo jornal madrileno "El País":

    Aparelho de vídeo - Instrumentum telehornamentis exceptorium.
    Barman - Tabernae potoriae minister.
    Best-seller - Liber máxime divenditus.
    Café - Taberna cafearia.
    Carruagem - cama - Currus dormitorius.
    Champô - Capitilavium.
    Computador - Instrumentum computatorium.
    Discoteca - Ludus saltatorius.
    IVA - Fiscale pretil additamentum.
    Jeans - Bracae linteae caerúlae.
    Mini-saia - Tunícula mínima.
    Motocicleta - Birota automataria.
    Motel - Deversorium autocinéticum.
    Ovni - Res inexplicata volans.
    Pizza - Placenta compresa.
    Playboy - Iuvenis voluptarius.
    Slalom – Descensio flexuosa.
    Solteiro - Solitarius.
    Snob - Novissimorum morum affectator.
    Spot (de televisão) - Intercalatum laudativum nuntiun.
    Spray – Liquor nubilogenus.
    Stripteaser - Sui ipsius nudator.
    Ténis (jogo) - Manubriati reticuli ludus.
    VIP - Amplissimus vir.
    Voyeur - Obscena observandi cupido.
    WC – Cella intima.
    Western - Fabula americae occidentalis.
    Whisky - Vischium.


    E x e m p l u m

    Um Obscena Observandi Cupido observando uma Res Inexplicata Volans


    * * *


    Também podem ver aqui um divertido forum, em espanhol, que explica muito bem a construção das expressões latinas.

    Bem, meus Amplissimus viris amicus, depois de fechar o Instrumentum telehornamentis exceptorium onde acabo de ver uma Fabula americae occidentalis, com o meu Iuvenis voluptarius, vou à Cella intima e depois, numa Descensio flexuosa, dirijo-me para o Currus dormitorius... Bona Nox!

    Post Post-Scriptum - naturalmente, a este Post só se aceitam comentums scriptuns (ou comenta scripta) em Latim... faz favor de aproveitarem as férias para estudarem o Lexicon Recentis Latinitas ;))...



    Ode Pentatónica para Martelo e Flauta de Pã, composta por Nero numa noite de insónia... esta Ode é muito eficaz, experimentem! Assim que adormecerem, podem pará-la...;))

    sexta-feira, 14 de julho de 2006

    EcoPoema de Nós


    Sol nascente
    Árvore Pássaro
    mil cores e mil sons
    Música Arco-Íris
    dentro de Nós Ideal

    Mar azul
    Mãos unidas
    procurando Reciprocidade
    Pensamento Fogo em
    Ardência total

    Almas trocadas
    no delírio da entrega
    êxtase de sermos Um
    (só possível)
    na comunhão de Nós
    com o Natural

    Aspásia 96


    "Discovering the World" - Z. Preisner

    quarta-feira, 12 de julho de 2006

    Tortura e Vandalismo aos Animais

    Caros Amigos

    Tenho andado com pouco tempo para os Blogs, mas deixo esta notícia.
    Este é o País que temos...
    Os indefesos, sejam humanos ou animais, estão à mercê de outros "humanos".

    Vandalismo na Afectu de Aveiro

    Creio que houve animais (cães) torturados e mortos. Os autores devem ser primos daqueles que torturaram a Gisberta...
    Se puderem, auxiliem! (está lá o NIB)

    Beijinhos e até breve.

    segunda-feira, 26 de junho de 2006

    Catedral


    Catedral de León (Espanha)

    Olhando ao longe a planura,
    numa manhã outonal,
    ergue-se a alta figura,
    – Pai-Nosso em arquitectura –
    duma antiga catedral.

    É visão inesquecível,
    aguarela austera e pura.
    Majestosa, imperecível,
    por artesão intangível
    talhada na pedra dura.

    Acerco-me lentamente
    e em grandeza vai crescendo.
    Sobre a pedra que não mente,
    olho mais atentamente,
    velha inscrição desvendo.

    Sé pelo Homem erguida
    para dar a Deus sinal
    de fé na Lei recebida,
    é promessa nesta vida,
    esperando na Vida imortal.

    Lugar de meditação,
    abriga no coração
    a qualquer que nela entre.
    Não vê cor ou condição
    nem mesmo faz distinção
    entre o crente e o não-crente.

    Cruzando o largo portal,
    entro, sem fazer rumor.
    Coalhado dum vitral,
    irisa a água lustral
    um reflexo multicor.

    Sobre o altar principal,
    em retábulo pintado,
    o Anjo celestial
    ergue a pedra sepulcral
    a Jesus ressuscitado.

    Oiço vozes de oração
    que se elevam em espiral.
    Pedirão, talvez, perdão,
    ou tão só resignação
    para tanta dor e mal.

    O velho órgão harmoniza
    um cântico angelical.
    Não pede, não catequiza,
    mas dá alma a quem precisa
    – Sinfonia Pastoral.

    Fôra eu crente e, talvez,
    no meio desse coral
    encontrasse a placidez,
    esquecendo os mil porquês
    da Ciência racional.

    Assim, enquanto a visito,
    não rezo, apenas medito,
    banhada na luz claustral:
    pudesse o caos inaudito,
    ferro e dor, espanto e grito,
    pesadelos do real,
    dar lugar a um coral
    – eco humano de Infinito…
    e o Mundo enfim sem conflito,
    mais perto do Ideal,
    vogasse no mar infindo
    do azul universal.

    L.N. 96



    "Allein Gott in der Höh´ sei Ehr" - J.S. Bach
    (Otto Winter - Órgão)