sábado, 12 de maio de 2007

RESUMO DA CONFERÊNCIA DE JORGE EDWARDS NO INSTITUTO CERVANTES (cont.)


Pablo Neruda e Jorge Edwards nos anos 50

De outra vez, ainda em Santiago, Neruda convidou Edwards para a sua casa na Isla Negra, para onde iriam no velho carro de Neruda. Mas logo à saída de Santiago, Neruda parou para ver uma ´feira da ladra´ (feria de las pulgas) que ali se fazia, pelo que Edwards pensou logo “por este andar não chegamos lá antes de 7 ou 8 horas”… nessa feira vendiam-se as coisas mais feias e incríveis, incluindo óculos partidos e dentaduras postiças! Não se sabia quem comprava tais objectos, mas lá percorreram o recinto até que Neruda viu uma grande corrente de ferro, suja, ferrugenta e com uns enormes elos, caída no chão. Cada elo da cadeia mais parecia uma roda de carro e a corente pesava várias toneladas. Neruda disse então “Temos de levar esta corrente para a Isla Negra! Quero pô-la no jardim!”
Edwards disse que isso era impossível pois o carro não podia com uma coisa tão grande e pesada. Neruda foi então ter com uns camionistas que ali andavam e contratou-os para levarem a corrente num camião. Assim partiram todos para a Isla Negra. Assim que lá chegaram, neruda disse aos camionistas: “Descarreguem a corrente aqui no jardim mas como a deixarem cair é que fica. Não a endireitem, não alinhem os elos. Quero que fique como cair do camião para o chão.” E os homens assim fizeram.

Edwards percebeu que a corrente tinha pertencido a um navio, e dada a grande ligação de Neruda ao mar, como se pode ver em muitos dos seus poemas, compreendeu que Neruda quis ter a corrente no jardim porque ela “tinha pertencido” ao mar, ela representava, desordenada, ferrugenta e suja, a luta que tinha travado contra a força e rebeldia do mar.

Mas da última vez que foi à Isla Negra, já depois da morte de Neruda, Edwards viu que a corrente fora limpa e colocada em círculo, pelos jardineiros, a fazer de limite de um canteiro! Perdendo assim todo o significado poético alusivo ao mar que Neruda tinha visto nela. Desordenada e ferrugenta como tinha vindo do mar, a corrente representava para Neruda o próprio mar…

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Bem, meus meninos/as, então aqui fica a reportagem. Para a outra vez anuncio coisas destas com mais antecedência para vocês irem ao vivo, que eu não sou o Repórter X!


Poema 18 de "20 Poemas de Amor y una Canción Desesperada", lido por Neruda

3 comentários:

Amora Silvestre disse...

Neruda é um génio universal. Um criador da palavra, um mágico poeta que me embala nas fantásticas ondas que nos deixa em cada poema.
Beijinhos

Anónimo disse...

TAU

PERDÃO... QUE "NOS" EMBALA!

BJIS

Anónimo disse...

PATROA MJ

SE PASSAR POR AQUI, DEIXO JÁ UM BEIJINHO DE PREVENÇÃO, PARA NÃO IR LÁ À MANSÃO, TENHO DE POUPAR HOJE OS OLHOS QUE APANHEI CALOR E INFLAMARAM...

CREADA PREVENIDA,
CREADA PRA TODA A VIDA!

;)