segunda-feira, 23 de outubro de 2006

RIMANDO à CHUVA

(Rhyming in the Rain)

Sor Aspásia
Eu, num momento de contemplação, após ter areado a pia da água benta




Veni Sancte Spiritus

The London Symphony Orchestra & The Choir of Magdalen College, Oxford.


Caros Confrades/fradessas:


Como alguns de entre vós estareis recordados, tendo recentemente o grande Vate Bocage, conterrâneo de meu augusto Pai, passado ao largo deste eremitério, logo eu e outras Irmãs combinámos um mote para lhe "atirar", pois como sabeis, era o que sempre lhe sucedia quando passava perto de algum convento... as boas Irmãs sempre lhe diziam "Bocage, lá vai Mote!!!", a fim de que ele lhes (ar)rimasse, amenizando assim a dura vida de mortificações e bentas orações das pias enclausuradas. Desta sorte, outrossim também nós lhe enviámos o seguinte Mote, que em tudo somos pobrezinhas, menos no espírito, valha-nos Nossa Senhora do Oh!!!

MOTE
"Ah, vãs paixões deste Mundo fatal,
havereis de morrer às garras do Ideal !!!"


O pobre Vate, mesmo "num curto josezinho rebuçado" como sempre costuma vestir e debaixo do intenso temporal que se fez sentir aqui em Aboboreira-Menina-de-Baixo, não quis defraudar as nossas expectativas.
Eis pois, como de imediato nos rimou, à chuva (em vez de, como o Gene, dançar).
Foi uma festa aqui no convento, pois depois veio tomar chá connosco... e aproveitámos todas bem, pois a nossa Madre Supérrima, Sor Violante do Céu, a Décima Musa e Fénix dos Engenhos Lusitanos, também muito dada a trovas e rimances, como sabereis, havera ido de fim-de-semana numa peregrinação a pé descalço à Porcalhota.
Aqui vos deixo, então, com o Poema completo, a fim de que fiquem vossas almas expurgadas de qualquer pecado venial. Expurgações mais avançadas, só com o consentimento da Madre Superiora.



Mote

“Ah, vãs paixões deste Mundo fatal,
havereis de morrer às garras do Ideal!”

Glosas em Soneto

Ah, vãs paixões deste Mundo fatal,
que em cruel consumpção das almas porfiais,
sobre mim não terá vosso ardor bestial
qualquer poder, pois sabei, tenho mais

que fazer, oh!, vilãs dos corpos em pecado...
pois forte é minh´alma e meu espírito preclaro...
Com mortal fastio vos passarei ao lado,
e irei professar no convento de Faro!

E se a Morte é certa e tudo o mais é vão,
não julgueis, paixões, que sois donas do mundo,
que Senhoras sois vós do Bem e do Mal...

Da vã ignomínia do vosso estadão,
caireis, abjectas, no Hades mais profundo
e havereis de morrer às garras do Ideal!!!




Madre Abadessa
A nossa querida e bela Madre já nos enviou esta foto, do Eremitério da Porcalhota! Disse que está a banhos de mostarda aos pés, salapismos e vixas receitados pelo Dr. Manuel Ferreira, por via (sacra) da caminhada que empreendeu. Mas que, da próxima, pede o asno Rucio ao Sancho Panza ou um monociclo ao Palhaço Popov, que ela já não está para tantas andanças!!!
Envia a todos e principalmente a todas, a sua Benção!!!

Misit servos suos vocare invitatos nuptias.

2 comentários:

APC disse...

Ehehehehe... Magnífico!
Que dizeres, que rimares, que sorrires! :-)))
Eu até vinha cá para te tratar mal, agora que já estás melhor, mas olha... Foi-se-me o fel! Lol
E deixo um oscularóide (é tipo rebuçado medicinal, confia).

PS - Acaso sabeis onde fica a Porcalhota?

Pamina disse...

Irmã,

Como estais? Espero que melhor da garganta, que essa veste tão apertada em volta da dita não lhe deve fazer nada bem. Porque não fazeis como a Madre Superiora e opteis, tais, por um traje menos severo? É um mundano chapéu, engalanado por belas flores, o que vemos na sua santa cabecinha, não é verdade?
Apesar dos danos sofridos pelos seus delicados pézinhos e consequente tratamento, ela está com óptimo aspecto. Não há dúvida que lhe fez muito bem à tez esta peregrinação à Porcalhota:))).
Cara irmã, proponho que o convento inteiro se lhe junte, o mais rapidamente que as tarefas contemplativas o permitam. O convento é um modo de dizer, evidentemente, pois é demasiado pesado para viajar, eheh, referia-me naturalmente às suas habitantes:))).
Boa contemplação e uma reparadora noite de um soninho bem descansado, que eu vou ouvir de novo o trecho musical que muito apreciei.

Cuidei-vos, irmã.