Ó belo cravo de Abril,
querem fazer-te murchar.
Há para aí farsantes mil,
que só querem metal vil,
e a ti pretendem pisar.
Estes mandantes de agora,
sonegam a liberdade,
e andam pelo País fora
discursando a toda a hora,
mas não dizendo a verdade.
Foi há trinta e cinco anos
que nasceste entre canções.
Caíram por terra os planos
dos sequazes e tiranos
e abriram-se as prisões!
Eram tempos de alegria,
de dar as mãos e cantar
de pensar que a aleivosia,
a ganância e a cobardia
iam por fim terminar.
Mas que vemos hoje em dia?
Teus ideais espezinhados,
tristeza, melancolia,
desânimo e apatia,
nos pobres e desempregados.
Mas, cravo, não te amedrontes!
Ainda há, quem, sem temer,
por cidades, vilas, montes,
não esquece os horizontes
que tu abriste ao nascer!
Leonor 2009