sábado, 25 de abril de 2009

Defendamos
o Cravo de Abril !


Ó belo cravo de Abril,
querem fazer-te murchar.
Há para aí farsantes mil,
que só querem metal vil,
e a ti pretendem pisar.

Estes mandantes de agora,
sonegam a liberdade,
e andam pelo País fora
discursando a toda a hora,
mas não dizendo a verdade.

Foi há trinta e cinco anos
que nasceste entre canções.
Caíram por terra os planos
dos sequazes e tiranos
e abriram-se as prisões!

Eram tempos de alegria,
de dar as mãos e cantar
de pensar que a aleivosia,
a ganância e a cobardia
iam por fim terminar.

Mas que vemos hoje em dia?
Teus ideais espezinhados,
tristeza, melancolia,
desânimo e apatia,
nos pobres e desempregados.

Mas, cravo, não te amedrontes!
Ainda há, quem, sem temer,
por cidades, vilas, montes,
não esquece os horizontes
que tu abriste ao nascer!

Leonor 2009

sábado, 11 de abril de 2009

Boa Páscoa!

Desejando Boa Páscoa a todos, aqui deixo duas obras de dois ateus: eu e meu Pai, dedicadas à Paixão de Jesus, que ambos admiramos como Homem. Um desenho dos meus 13 anos, feito no Liceu, e um soneto de meu Pai, hoje com 94 anos, e que com ele concorreu aos Jogos Florais da Primavera realizados em Setúbal, em 18 de Abril de 1941, organizados pela Associação dos Antigos alunos da Escola Industrial e Comercial “João Vaz”, tendo obtido um 1º Prémio. Apesar de ser ateu, ele lá versejou de modo a fazer inveja a muito crente!!! O que deu azo a que um Padre surpreso, à altura, lhe perguntasse como era possível um ateu fazer tal soneto, a que meu Pai respondeu que o Poeta é um fingidor...

Vitral
Leonor Nascimento, 1970

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Redenção

A Treva cai na Terra e vem impôr
pesado luto à turba que emudece.
No Gólgota, escalvado, a Cruz parece
a trágica visão da própria dor.

Crucificado, exangue, o Redentor,
de espinhos coroado, a Vida oferece,
em Santo Sacrifício, que trouxesse
a salvação ao Mundo pecador.

Debalde, ó lei humana, condenaste
Aquele que pregou a Lei dos Céus
e com ferro assassino O trespassaste!

Jesus rasgou da Morte os negros véus
e vencendo a mentira que afirmaste,
deu a Verdade ao Mundo: a Fé em Deus!

Rui Nascimento, 1941