Celebra-se hoje o 100º Aniversário do nascimento do grande Homem, Cientista, Professor, Historiador e Divulgador da Ciência, Escritor, Filósofo e Poeta, que foi o Professor Rómulo de Carvalho.
A sua Obra, quer na faceta científica, quer poética, revela-nos um talento e um brilhantismo que não sei se foi igualado por qualquer outro Português.
Uma tão vasta obra abrangendo dois campos que normalmente são dissociados por mentes pouco criteriosas, como a Ciência e a Arte, não é fácil de encontrar neste País. Assim de repente vêm-me à ideia nomes como Egas Moniz, Agostinho da Silva e Abel Salazar, como outros Portugueses que dedicaram a Vida simultaneamente à Ciência e à Arte, mas não de um modo tão abrangente.
Aqui podem conhecer ou recordar a sua Biografia.
Aqui podem conhecer ou recordar a sua Biografia.
Um testemunho: a Professora de Física Regina Gouveia, vencedora do Prémio Rómulo de Carvalho em 2005.
A PROPÓSITO DO PRÉMIO RÓMULO DE CARVALHO
Não tenho palavras para descrever a emoção que sinto por me ter sido atribuído o Prémio Rómulo de Carvalho, personalidade que tive o privilégio de conhecer pessoalmente nas minhas andanças de orientadora de estágio. E se nessas andanças conheci essencialmente o metodólogo, já antes tinha conhecido indirectamente o professor através dos seus livros adoptados para os Trabalhos Práticos de Química do Curso Complementar dos Liceus, o divulgador através das suas histórias (do Átomo, da Radioactividade, etc), da sua Física para o Povo, bem como outras obras de divulgação, o poeta através de toda a sua obra que me fascinou desde
o primeiro poema que li num número da revista "O Tempo e o Modo" e o ficcionista que conheci mais tarde. Qual destas vertentes me fascina mais? Escolha difícil mas talvez opte pelo poeta pois na sua poesia ele é simultaneamente o poeta, professor, o formador, o divulgador, o humanista.
Por tudo isto sinto, com a atribuição deste prémio, uma responsabilidade acrescida e o receio de não estar à altura do mesmo. Felizmente partilho-o com outros. E permitam-me que nesses outros destaque Ana Carla Campos também vencedora e Paulo Santos, menção honrosa. Tenho o prazer de os conhecer pois tive o privilégio de ser orientadora de estágio de ambos. Com Ana Carla Campos tenho mantido um contacto próximo pelo envolvimento em projectos comuns. O seu entusiasmo é contagiante.
Esta partilha com os demais vencedores e menções honrosas como que me aligeira um pouco a responsabilidade de que há pouco falava.
E é por causa dessa mesma responsabilidade que gostaria de acrescentar aqui algo, correndo o risco de não ser politicamente correcta. Vem isto a propósito da carga horária não lectiva dos professores. No caso dos professores das áreas das Ciências não seria bem mais eficaz a permanência na Escola se fosse obrigatoriamente dedicada à preparação e optimização das actividades experimentais a desenvolver com os alunos? É que com a carga horária que passa a ter, o professor vai dispor de pouco tempo para essas actividades, o trabalho experimental, tão necessário face ao insucesso dos alunos em áreas de Ciências, sai prejudicado.
Poderá argumentar-se que muitos professores não dão qualquer relevância à componente experimental. É verdade.
Mas, se por um lado creio que correspondem a uma minoria, por outro tenho a certeza que as medidas propostas em nada vão melhorar o seu desempenho na referida área. E mais grave ainda, os professores que até agora investiam fortemente na experimentação vão-se ver a braços com o tempo disponível para a preparação da mesma.
Também, e no que respeita às aulas de substituição que tantos problemas estão a gerar nas escolas, se visam evitar tempos mortos para os alunos, então seria pedagogicamente muito mais correcta e eficaz a oferta de projectos onde os alunos se pudessem inscrever e para os quais haveria sempre um professor disponível, disponibilidade decorrente das suas horas não lectivas. As disciplinas com componente experimental teriam aqui uma palavra importante a dizer. Na minha escola foi criado o Espaço Ciência Aberta visando precisamente ocupar os alunos de uma forma salutar e não desprovida de sentido. Só que a criação destes espaços implica planificação e essa não foi pensada nas medidas propostas superiormente.
Perdoem-me este desabafo mas ele emerge dum enorme gosto pela Física e pelo ensino da mesma e este, para ser eficaz, implica entusiasmo, dedicação, disponibilidade, rigor, responsabilidade.
O professor ajuda a construir e isso sugere-me o poema "Escopro de Vidro" de Gedeão.
ESCOPRO DE VIDRO
Estou aqui construindo o novo dia
com uma expressão tão branda e descuidada
que dir-se-ia não estar fazendo nada.
E, contudo, estou aqui construindo o novo dia
Porque o dia constrói-se; não se espera.
Não é sol, que deflagre num improviso de luz.
É um orfeão de vozes surdas, um arfar de troncos nus,
o erguer, a uma só voz, dos remos da galera.
Cantando entre os dentes um refrão anidro
abro linhas quentes com um escopro de vidro.
Abro linhas quentes sem tremer a mão,
com um escopro de vidro de alta precisão
In Poesias Completas, António Gedeão
Regina Gouveia
* * * * *
Pedra Filosofal
Poema de António Gedeão
Música e Int.: Manuel Freire
Poema de António Gedeão
Música e Int.: Manuel Freire
(continua)
7 comentários:
Olá Aspásia, desta vez fui eu quem veio via chora-que-logo bebes!, bonita homenagem ao poeta e cidadão aqui encontrei!!, um beijo, IO.
Tudo neste post está riquíssimo, mas este teu poema preocupa-me: tu não estás em vias de editar um livro, porquê? Ou tás? ;-)))
Um beijinho daquela que não deixa de aqui vir e pronto (tamos conversadas!;-)
PS - Já agora: "Anima Pluviae" foi como traduzi "alma chuvosa" ou "alma de chuva", mas receio ter metido água (lol), porque isso é mais "alma da chuva" (com vínculo de pertença/origem, como em "água da chuva"), não é?. Achas que o meu mal é grande, ou escapa?
PPS - Às vezes "olho" para este recanto e ponho-me a pensar: tu não acabas, mulher!... És infinita. E multi-pluri! E tutti-fruti, lololol. (Vou dormir!;-).
IO E APC
AGRADEÇO AS VISITAS E AS PALAVRAS.
QUANDO PUDER FAR-VOS-EI UMA VISITA.
HÁ DIAS QUE ANDO COM DORES NOS OLHOS QUA SÓ ABRANDAM COM UM COLÍRIO CORTICOSTERÓIDE. MAS DESTE ÚLTIMO NÃO SE PODE ABUSAR...
JÁ NÃO ANDAVA MUITO BEM E ESTE POST EXIGIU-ME UM SUPER ESFORÇO VISUAL. NO ENTANTO FIZ ESSE ESFORÇO PELA PESSOA DE A.G. QUE MUITO ADMIRO.
NOS PRÓXIMOS TEMPOS VOU TER DE REDUZIR O TEMPO AO PC. AS VISITAS A OUTROS BLOGS TERÃO DE ESPERAR UM POUCO.
FIQUEM BEM.
BEIJINHOS.
Magnifico Post!
Espeo que não te importes que tenha levado "emprestado" um poema teu.
Algum inconveniente, será de imediato retirado.
Do coração desejo as tuas melhoras.
Um abraço carinhoso e boa semana ;)
Associo-me às palavras da poesia...António gedeão é um dos meus Poetas favoritos.
Deixo um abraço e espero a tua volta recuperada, na medida do possível.
Bj ;)
Homenagem justíssima!
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