terça-feira, 31 de julho de 2007

Trova Medieval Feminista


Sou guerreira apaixonada,
Joana d´Arc doutras guerras,
de Amor é minha cruzada,
para mim é tudo ou nada,
quebrarei escudo e espada
por ter esse coração
que no castelo do peito
com tanto cuidado encerras.

És príncipe de olhos negros
recortados em veludo...
enredar-te em meus enredos,
partilhar os teus segredos,
para mim é nada ou tudo,
e é por causa dos teus medos
que te engano, que te iludo...

Vamos inverter a História,
pôr futuro no passado:
para mim a fama e glória,
serei a conquistadora,
serás tu o conquistado,
serei eu tua senhora,
tu meu escravo alforriado,
meus desejos, sem demora
atender, será teu fado...
- mas do fogo dos meus beijos
também ficarás marcado...

Princesas presas em torres
era o tema mais comum...
Hoje invertem-se os valores,
cavaleiros e senhores
de valor, não há nenhum...
com medo de sofrer dores,
paixões cegas, desamores,
de mulher apaixonada
fogem todos, um a um...


* * *

ASPÁSIA 98

quinta-feira, 26 de julho de 2007

OUTRA BRINCADEIRA BABELGLOTA (???)

A Narnia chamou-me internacional e eu lembrei-me de lhe oferecer esta pequena Ode de Babel... e assim vou fazendo umas revisões do que estudei quando andei lá na construção da Torre... in illo tempore ! ;)))...
Babel
INTERNACIONAL NÃO SOU
JE N´AI PAS TELLE INTENTION,
BUT ONLY TO SAY ALLO!
ME GUSTA ESTA ILUSIÓN,
AND´RE SPRACHE LIEBE ICH SO,
E DEL POEMA AMANTE SON´!...


TRADUÇÃO
(ou seja, TRAIÇÃO...;)

INTERNACIONAL NÃO SOU
NÃO TENHO ESSA INTENÇÃO,
APENAS DIZER "ALLO"!
EU GOSTO DESTA ILUSÃO,
DE POEMAS AMANTE SOU...
E AS LÍNGUAS SÃO DIVERSÃO!

(Como é evidente, troquei o 5º verso com o 6º para rimar... TROCA-TINTAS, TRABA-LENGUAS, fica tudo em família... ah, não se aceitam pedidos de traduções de Língua de Vaca, nem mesmo de Vaca Fria ;)))...

sexta-feira, 20 de julho de 2007

"POEMA" EM SEIS LÍNGUAS
(Resposta à SOPHIAMAR)

A amiga Sophiamar perguntou-me donde sou... eis a resposta!


SOU DUM PAÍS - PORTUGAL,
PERO DE OTRAS PARTES SOY,
JE SUIS HUMAINE ET ANIMAL,
I´M A GIRL BUT COULD BE A BOY...
ICH WAR FROLICHE EINMAL!
OGGI IL DOLORE ME VUOI...

Aspásia 07.7.20
(imagem da net)

terça-feira, 17 de julho de 2007

POEMA SÓ PARA ALGUNS QUE ESPERO NÃO SEJAM A MAIORIA...



Ó Homem, ser insensato!
Correm séculos… e tu
pouco cresceste do Nada.
Daninho, vaidoso e cru,
o corpo pões tu a nu,
− mas fica a alma tapada…

Vamos lá ver se consegues
sair desta vil tristeza…
E se entendes, se percebes,
que à luz da cósmica lei,
tu não és Deus nem és Rei…
− és apenas Natureza.



***

P.S. - Homem... em sentido lato, claro...


Aspásia 96

terça-feira, 3 de julho de 2007

AMADEUS



Comemorando 2006 - o Ano Mozart - este poema foi a minha première poético-musical na Blogosfera, no dia do 250º Aniversário de Mozart (27 Janeiro 2006), aqui no Jardim. Posteriormente, redecorado e musicado foi republicado em A Flauta de Pã...


* * *




Sempre ouvir-te é sempre amar-te,
ó divino, ó talentoso
Wolfgang Amadeus Mozart,
pois da Música na arte,
foste génio portentoso.

Em teus anos de criança,
deslumbravas quem te ouvia;
e toda a aristocracia
nos belos salões de dança,
se curvava e te aplaudia,
perto do Lago Constança.

Aos seis anos já mostravas
juízo de mais idade,
falavas com gravidade;
ao cravo já te sentavas
e teu Minuete tocavas
com talento e habilidade!



As cortes da velha Europa
percorrias sem cessar,
foi tua música ouvida,
incensada e aplaudida,
desde Itália à grande Rússia,
pelo Doge e pelo Czar.

A meio da juventude,
é que eras mais malandrote,
gostavas mais de brincar,
pregar partidas, dançar,
e as donzelas, num virote,
estavas sempre a conquistar…



À Ópera que nos deixaste
deste a alma e a frescura.
“Mágica Flauta” sopraste…
Papageno e Papagena
os cobriste de verdura,
e Pamina com Tamino
levaste ao Céu da ventura.



“Don Juan” se precipitou
nas profundas do Danado,
pois à ceia convidou
− esse desplante ele ousou! −
o rival assassinado…
E, arrogante, blasfemou
do perdão que lhe ofertou,
do Comendador, a estátua
que tanto tinha ultrajado.



Tal qual o barbeiro Fígaro
foste também um “faz-tudo”.
Nas “Bodas”, era um Entrudo,
pois todos se disfarçavam,
se escondiam e aldrabavam…
Mas no final se abraçavam,
pois o Amor vence tudo.



Não deverá ser esquecido
um teu amigo, também,
Lorenzo da Ponte, a quem
a letra dessas histórias
devemos, e que, contigo,
está vivo em nossas memórias.

Lorenzo da Ponte

Sinfonias compuseste,
quase feitas de improviso,
tantas e de tal beleza
e alegria ao ouvido,
que, num dia mais agreste,
são capazes de a tristeza,
nos transformar em sorriso.



E foi tal teu frenesim
a compôr e ensaiar
dias e noites sem fim,
uma obra monumental
que te houvera encomendado
certo enviado do mal
− dizem que foi o Salieri,
mas não há prova de tal −
que as forças que te restavam,
pouco a pouco se esgotavam
nesse Requiem fatal.

Sim, foste o Amado de Deus,
mas os homens do teu tempo
negaram-te chão sagrado,
e à vala foste lançado,
tal qual fosses cão danado,
ou traste sem valimento…
Mas passado tanto tempo,
teu talento ainda dá brado
entre almas de sentimento;
e hoje és génio celebrado,
para sempre recordado,
da Música és monumento…
Wolfgang Amadeus Mozart,
de Euterpe és filho na Arte…
do Mundo és deslumbramento!!!





Sinfonia nº 29 em Lá Maior K201 (Menuetto - Allegro con spirito)

* * *

E algumas das sombras chinesas, de um total de 146, representando as quatro principais óperas de Mozart, recortadas em papel preto pela tesoura de Lotte Reiniger, em 1971.

domingo, 1 de julho de 2007

ANÚNCIO


Se quiseres dedicar
uma estrofe à namorada,
se quiseres (en)levar
a sogra, o primo, a criada…
não tens mais que encomendar:
sou poetisa encartada,
versifico qualquer tema,
faço trova, ode ou poema,
rimo por tudo e por nada.

Faço versos a granel,
ao litro, ao metro, ao quilate,
ternos bolinhos de mel,
bravos galos de combate
Numa folha de papel,
escrevo tese ou disparate,
em letrinhas de hidromel,
de cicuta ou erva-mate…

Peço a Lili p´ró Manel,
trato divórcio ou engate,
do velho faço donzel,
fel transformo em chocolate…
Da choupana faço hotel;
do albardeiro, alfaiate;
o tolo armo em bacharel,
o recruta em coronel,
e ao Rei… dou Xeque-mate.

(Tenho encomendas a rodos,
não posso fazer mais nada…
Poetas querem ser todos
que é casta mui ilustrada…
E lá lhes mostro bons modos,
vou aumentando a mesada,
à custa destes engodos
de "poesia alugada"…)

Amigo, amiga, não esperes,
deixa o teu nome e morada,
irei ter onde estiveres,
com a caneta afiada…
Se dinheiro não tiveres,
aceito a alma empenhada,
se os versos não entenderes,
faço versão ilustrada…
Ponho em verso o que quiseres,
cativo homens e mulheres,
arranjo empregos, mesteres,…
e não pagas quase nada!...

(Aspásia 98)


P.S. - Este "anúncio" foi "posto" numa altura em que andava com mais tempo... infelizmente, de momento não posso receber encomendas, amigos! Para compensar, de vez em quando tento comentar em verso nos vossos blogs ou aqui...